Prestes a desembarcar pela terceira vez no Brasil, o baixista Jeremy Davis, da banda Paramore, recorda com carinho do país, especialmente por conta dos fãs que lotaram os aeroportos quando o grupo esteve em solo nacional em 2008 e 2011 e pela amizade com o cantor Fiuk, com quem diz ter aprendido algumas palavras em português. O músico conversou por telefone com a reportagem do UOL na última segunda-feira (10).
“O aeroporto sempre foi muito louco, as pessoas vão em massa pra ver a gente, não é como em outros países. Eu adoro”, diz Davis, que se lembra da animação dos fãs — grande maioria jovens até 20 anos — e de ter conversado muito com o filho de Fábio Jr, um fã declarado da vocalista Hayley Williams. “Eu me lembro bastante de um churrasco, que foi totalmente maluco.”
A turnê do quarto álbum, lançado no começo de 2013, fará com que o Paramore passe por uma cidade brasileira que ainda nunca viu uma apresentação da banda: Curitiba. Ao saber que conhecerá novos públicos por aqui, o baixista esboça o desejo de ir um pouco além do trajeto hotel-show. “Nas visitas anteriores, a gente chegou a conhecer uns estádios, mas agora a gente quer tentar conhecer a rua mesmo, as cidades, ver como o povo é”, diz.
Maturidade
Mais velho da banda, Davis reconhece o papel de “paizão” de Hayley e do guitarrista Taylor York, ambos com pelo menos quatro anos a menos. O baixista se lembra de como todos eram muito jovens quando a banda foi formada em 2004. “Sentia que tinha de tomar conta de todo mundo, eles estavam começando na adolescência. Não que eu seja muito velho, mas alguém tinha que dirigir a van, por exemplo”, conta o músico, atualmente com 28 anos, que cita a maturidade como principal exemplo de como as coisas mudaram desde então. “No começo, todo mundo tentava levar vantagem em cima da gente, a gente melhorou muito nesse sentido.”
A mudança no som da banda, cada vez mais voltado ao pop, também é citada por Davis como parte do amadurecimento. Os integrantes da banda insistem no fato do quarto disco ter recebido o nome da banda por se tratar de um trabalho que representa a “alma e a identidade” dos três remanescentes. Lançado em abril, “Paramore” contou com os singles “Now” e “Still Into You”. Davis se lembra do tempo cansativo em estúdio para reunir as músicas, as primeiras feitas sem a presença dos irmãos Farro, que deixaram a banda no final de 2010.
Mas além do esforço nas gravações, o principal problema para o baixista foi a ansiedade para saber a reação dos fãs ao novo trabalho. “A gente segurou o lançamento uns meses e ficávamos loucos de expectativa para saber se as pessoas iam gostar ou não”, conta o baixista, que elogia a ausência de interferência. “Mas pelo menos não houve arrependimentos nesse disco, a gente colocou o nosso coração e fez aquilo que queria, o melhor possível.”
Depois do longo tempo trancado entre mesas de som e “redomas de vidro”, Davis conta que só pensava em voltar a fazer show. “É o sonho de uma vida realizado. No Brasil, há pessoas que vêm de outras cidades para ver a gente. Tem fã brasileiro que fala com a gente pelas redes sociais há muito tempo e, de repente, a gente encontra essas pessoas, nada supera isso”, conta.
Não que o palco seja sempre tão desejável assim, pois uma inquietude acompanha os integrantes da banda, quase sempre com algo por fazer que os tira do descanso em casa. “Quando você está no estúdio, quer sair para tocar ao ar livre. Quando está há muito tempo em turnê, quer voltar para o estúdio. É sempre assim, só falta férias nessa fórmula”, brinca o baixista.
Retorno ao Warped Tour
Na época em que a banda estourava com os hits de “Riot!”, álbum de 2007 que contava com faixas como “Misery Business” e “That’s What You Get”, o Paramore estava no elenco do festival itinerante Vans Warped Tour, conhecido nos Estados Unidos há anos por reunir as principais bandas do punk rock e pop rock. Citado por Davis como uma bela lembrança dos tempos anteriores à fama pós-trilha sonora de “Crepúsculo”, o evento chegou a ser especulado para finalmente chegar ao Brasil em 2013.
Mas caso chegue ou fique nos Estados Unidos, o evento ainda não contará com o retorno da banda. “Acho que seria demais se a turnê viesse para o Brasil, tenho certeza de que haveria público. Pelo menos, pela nossa experiência aí, teria”, afirma o artista, que vê vantagem em eventos do gênero, diferentes dos festivais brasileiros. “No Warped o que tem de diferente é poder viajar com outras bandas, fica mais fácil falar com os fãs. Infelizmente a gente não volta nesse ano, mas a vontade não falta.”
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jun