O baixista Jeremy Davis concede entrevista ao iG por telefone. Davis fala sobre a demora em lançar o novo álbum, sobre auto-intitularem, as gravações, perceptivas sobre o mesmo e a música.
Banda de Hayley Williams supera saída dos irmãos Farro e volta muito mais positiva em seu quarto álbum de estúdio; “Essa é a Paramore que nós esperamos ser durante tanto tempo”, diz o baixista; grupo tem apresentações marcadas no Brasil em julho e agosto.
A banda Paramore ficou afastada dos estúdios e palcos durante três anos. Nesse intervalo de tempo, muita coisa mudou. O grupo perdeu dois integrantes, os irmãos Josh e Zac Farro, e pôde descansar pela primeira vez desde que eles estavam no colégio. Para a alegria dos fãs, no entanto, eles lançarem em abril seu tão aguardado quarto álbum de estúdio. E, depois de quase dez anos de estrada, afirmam finalmente ter se encontrado enquanto banda. “Essa é a Paramore que nós esperamos ser durante tanto tempo”, afirmou o baixista Jeremy Davis ao iG por telefone.
O nome do disco, “Paramore”, não foi escolhido de forma aleatória. “Sentimos pela primeira vez que estávamos lançando um conjunto de músicas em que poderíamos colocar o nome da nossa banda em cima”, disse Jeremy.
Segundo o baixista, a sonoridade deste álbum, muito mais feliz e positiva, é o que a banda sempre quis passar para os fãs. “Queremos que as pessoas saibam que isso é o que nós somos.”
Antes disso acontecer, no entanto, o drama de perder dois integrantes assolou o grupo e os fez perceber que era hora de repensar todo o processo deles enquanto músicos. “Agora há menos tensão entre a gente. Ficou muito mais fácil conversar e escrever. Acho que no geral a dinâmica mudou porque eles não estavam felizes”, explicou Jeremy.
Para o baixista, perder Josh e Zac foi como tirar um peso das costas “pra gente continuar, ser feliz e fazer nossos shows.”
Prestes a iniciar uma mini-turnê pelo Brasil (veja as datas no fim da entrevista), Jeremy comemora a nova fase da banda. “Agora nós não temos medo de fazer nada. Não temos medo de dar novos passos e nos sentimos confortáveis nos próprios sapatos.” Leia a seguir o bate-papo na íntegra:
iG: Vocês ficaram três anos longe do estúdio e dos palcos. Os fãs estavam ansiosos por material novo do Paramore. Por que isso aconteceu?
Jeremy Davis: Ficar longe durante tanto tempo foi difícil pra gente. Nós realmente gostamos de fazer turnê e é tudo que sabemos da vida, então foi duro. Mas ao mesmo tempo acho que foi importante ficar desligado durante um tempo para fazer esse novo álbum. Acho que tudo acontece por um motivo e nós lutamos muito pra escrever esse disco. Esse tempo afastado nos deu uma nova perspectiva, totalmente nova, sobre a vida, sobre a música e sobre a sonoridade que a gente quer atingir. Se você ouvir o disco, pode perceber quanto tempo gastamos nele. Por mais que eu tenha odiado ficar longe do Brasil e odiei não fazer shows, foi importante pra gente crescer.iG: O que vocês fizeram nesse tempo?
Jeremy Davis: Eu fiquei em casa por dois meses. Minha mulher é da Inglaterra e ela foi ficar com a família por um tempo, então essa foi a primeira vez na vida que eu fiquei completamente sozinho. Um dia eu estava em casa e ela foi atingida por um raio, que destruiu tudo o que eu tinha em casa. Fiquei sem TV, sem meu aparelho de som, eu não podia nem acender as luzes. Isso mudou completamente minha perspectiva sobre tudo. Eu tive tempo pra mim mesmo, e com a minha própria cabeça. No começo eu tive até medo de ficar sem nada pra fazer e ninguém pra sair comigo. Mas ao mesmo tempo eu tive as melhores férias da vida com meus amigos. Eu aprendi muito. Além disso, pude praticar baixo e escrever.iG: Qual foi a sensação de pisar no estúdio pela primeira vez após esse hiato?
Jeremy Davis: Foi incrível voltar. A diferença de entrar no estúdio dessa vez foi que passamos muito tempo juntos antes de começar a gravar, para pré-produzir as faixas e ter certeza de que teríamos todas as músicas que gostamos. Nós basicamente estruturamos todas as músicas, então quando chegamos pra gravar, nós estávamos prontos pra tocar. Surpreendentemente tudo saiu rápido. Antes a gente demorava pra gravar, e agora as músicas ficaram prontas em dois dias.iG: A dinâmica da banda mudou após a saída de Josh e Zac?
Jeremy Davis: Sim, completamente. Agora há menos tensão entre a gente. Ficou muito mais fácil conversar e escrever. Acho que no geral a dinâmica mudou porque eles não estavam felizes. E enquanto eles não estavam felizes, era infeccioso. Foi bom pra gente tirar essa negatividade do estúdio e então decidimos fazer um álbum feliz. Nós queremos que as pessoas saibam que nós somos uma banda feliz.G: Por que decidiram chamar o álbum de “Paramore” depois de nove anos?
Jeremy Davis: É exatamente sobre isso que eu estava falando. Nós chegamos à conclusão de que eu, a Hayley e o Taylor temos os mesmos objetivos e queremos as mesmas coisas. Nós queremos poder ver nossos fãs e tocar no mundo inteiro. Fazendo esse disco, sentimos pela primeira vez que estávamos lançando um conjunto de músicas em que poderíamos colocar o nome da nossa banda em cima. Queremos que as pessoas saibam que isso é o que nós somos. Decidimos chamar o disco de “Paramore” pra que as pessoas saibam quem nós somos. Essa é a Paramore que nós esperamos ser durante tanto tempo.iG: Esse disco mostra um Paramore completamente diferente. Ouvindo os singles, é possível reconhecer novas referências, talvez até um pouco de Yeah Yeah Yeahs. De onde veio isso?
Jeremy Davis: Existem muitas coisas que você pode fazer no estúdio e nós não tínhamos percebido até então. Por exemplo, nós trabalhamos com um coral que veio cantar pra nós e isso acabou virando a música do avesso. A princípio foi difícil e nos deixou com medo, mas no fim a questão era: será que a gente pode ter um coral no disco? Por que não? Então fizemos e ficou incrível. Com esse disco, nós aproveitamos o nosso tempo e tentamos tudo que tínhamos medo de fazer. Seguimos nossos coração, honestamente, e a mudança na nossa sonoridade se deve a isso. Agora nós não temos medo de fazer nada. Não temos medo de dar novos passos e nos sentimos confortáveis nos próprios sapatos.iG: De acordo com a minha calculadora, ano que vem o Paramore comemora dez anos de estrada. Qual foi a maior mudança pra vocês nesse tempo?
Jeremy Davis: Pensar que vai fazer dez anos que estamos juntos é inacreditável. Muita coisa mudou. Teve o tempo em que os irmãos Farro estavam com a gente e eles estavam felizes, e depois eles ficaram infelizes. Foi muito claro quando eles disseram que queriam sair. Acho que quando isso aconteceu foi como tirar um peso enorme das costas, pra gente continuar, ser feliz e fazer nossos shows para os fãs. Essa foi a maior mudança. Nós sempre demos 100% no palco, sempre gostamos de falar com os fãs, e isso ficou mais fácil agora, pois não tem nada nos impedindo.PARAMORE NO BRASIL
Rio de Janeiro: dia 25 de julho, no HSBC Arena
Belo Horizonte: dia 26 de julho, na Arena Expo Minas
Brasília: dia 28 de julho, na Arena Iguatemi
São Paulo: dias 30 e 31 de julho, no Espaço das Américas
Curitiba: dia 2 de agosto, no Cutitiba Master Hall
Porto Alegre: dia 4 de agosto, no Pepsi on Stage