Em turnê pelo Reino Unido no mês de setembro, Hayley deu entrevista à Lehigh Valley Music, contando sobre o período instável da banda, como foi criar o novo álbum e o sucesso de Still Into You. Confira:
Lehigh Valley Music: Olá, Hayley, como você está?
Hayley: Ótima. E você?Lehigh Valley Music: Bem. Ei, li que todos os ingressos estão esgotados para seu show na Wembley Arena.
Hayley: Sim, verdade. Será nossa segunda vez na Wembley Arena, então estamos muito, muito animados mesmo pra tocar lá novamente. Faz um tempo – não fazemos uma turnê de verdade no Reino Unido em alguns anos. É emocionante o fato dos ingressos estarem esgotados. Nos sentimos muito bem, nossos fãs, realmente, ficaram do nosso lado depois de tudo, vai ser uma grande festa – uma grande comemoração.Lehigh Valley Music: Li na Rolling Stone você dizendo que a “The Self-Titled Tour” teria uma grande produção, e um show maior. Me conte um pouco sobre isso.
Hayley: Ah, planejamos essa turnê por muito tempo. É aquela que, desde que estávamos no estúdio, gravando o cd, temos sonhado e imaginando como seria. Tenho a sensação que vai ser exatamente como esperamos. Não fiquei surpresa em ver que não era nada simples montar uma turnê dessas. Tipo, realmente não é. Tivemos que trabalhar duro nela e há muitas partes que você nem pensa quando você está nas casas de show, sabe? Então estamos animadíssimos, pela produção maior e a longa setlist. Acho que não sei nem metade do que está por vir. Só sei que vamos dar nosso máximo para arrasar todas as noites.Lehigh Valley Music: Ótimo. Vamos falar um pouco sobre o novo álbum. O que vocês buscavam fazer – em termos de musicalidade e mensagem. E como você acha que ficou?
Hayley: Hum, a gente mal sabia o que fazer (risos), estávamos meio nervosos. Tipo, acabamos de perder dois membros. Taylor e Jeremy olhavam um pro outro e pensavam “Espero que a gente consiga fazer isso” (risos). Realmente não tínhamos noção do que ia acontecer. Mas acho que nos sentimos mais motivados do que nunca, tinha essa chama em nós de que precisávamos provar para nós mesmos, para nossos fãs e pro resto das pessoas. É foi estressante, sabe? Foi, tipo, a primeira vez que nos sentimos assim. Passamos por separações no passado, antes do “Riot!” sair mas nunca mexeu tanto conosco, sabe? Construímos tanta coisa antes de eu e o Taylor escrevermos esse álbum, teve muita pressão vindo de nós mesmos. Quando já tínhamos umas 4 ou 5 demos, ficamos mais confiantes e pensamos “Quem liga?” sabe? Quem se importa com que está ouvindo, assistindo? Temos que ficar felizes com o que estamos fazendo, com o que a gente quer. Temos que ter a certeza do que a gente realmente quer e ir atrás sem se desculpar. Arriscamos ao máximo e foi emocionante. Foi como gravar um primeiro álbum.
Lehigh Valley Music: Queria saber sobre o nome do cd. Quero dizer, é essa a razão? Sentir como se fosse o primeiro álbum?
Hayley: Sim, foi um recomeço. O bacana é poder sentir esse sentimento novamente mas ainda ter a experiência que temos hoje. Acho que temos o melhor dos dois mundos. Quando escolhemos 17 para colocar no álbum, ficamos lá parados pensando “Não há outro nome possível.” Queremos mostrar quem somos com essas músicas, com os riffs. Queremos nos reapresentar para os fãs que já nos conhecem, queremos nos apresentar para quem nunca ouvir falar da gente. É sobre mostrar nossa confiança nesse cd.Lehigh Valley Music: Fale sobe o processo de criação – o fato de não ter mais os irmãos Farro. Mudou o jeito de criar, o estilo da música?
Hayley: Sim, completamente. Não tem como, tipo… quando se é um quinteto, você tem um membro para cada instrumento – todo instrumento necessário, como bateria, baixo, guitarra, vocal e você pode ficar tocando ideias o dia inteiro, por horas e horas, era como fazíamos, sabe? Josh escrevia a música e trazia para mim e eu enfeitava do meu jeito. Dessa vez era só eu, Taylor e Jeremy e foi estranho. A gente não conseguia ir num quarto e ficar tocando como qualquer outra banda. Estávamos inseguros com relação as ideias, sabe? Foi estranho. Talvez seja por isso que nos sentíamos nervosos, porque foi desconfortável no começo. O lado bom é que o Taylor é muito ligado, tipo, trabalhar na construção das músicas desse jeito. Nunca fizemos isso antes, foi maluco, porque várias bandas – nossos amigos que são grandes artistas, é como eles fazem. Eles fazem tudo no computador primeiro, sabe? Isso foi novo para nós, e emocionante. Eu ia pra casa e levava algumas batidas, demos, riffs que Taylor compunha e então eu voltava com ideias para acrescentar. Foi muito mais… isso foi realmente um “processo criativo”. Assim que paramos de nos preocupar, foi libertador.Lehigh Valley Music: Detectei, como ouvinte, uma influência mais pop em algumas músicas: “Still Into You,” “Moving On,” “Holiday, “I’m Not Angry Anymore”
Hayley: SimLehigh Valley Music: Parece pop para mim, estou errado?
Hayley: Não, de forma alguma. Gostamos muito de música pop. Há muitos gêneros que curtimos mas que não apareceram nos álbuns passados. Acho que, no começo, tínhamos medo dessas influências – não sabíamos no que ia dar, se a gente dissesse que gostava disso ou daquilo, se mostrássemos esse lado artístico. Tipo, o que iam pensar de nós? E isso retoma o que eu disse antes, deixamos de nos preocupar, porque não tínhamos tempo pra isso. Esse álbum foi uma longa jornada, era hora de esquecer. E foi o que a gente fez. Foi legal o fato da influência pop se destacar, porque é algo deixamos pra trás nos outros álbuns. Para mim, foi muito bacana, porque eu sou fã de new wave, dark wave e acho que isso se destacou também, pela primeira vez. E, claro, “Ain’t It Fun” Jeremy fazendo “slaps”, juntamente a uma batida mais funk e o coral gospel. Acho que isso mostra nossas raízes – minha e do Jeremy – ambos crescemos ouvindo funk, R&B e soul. Foi bom mostrar tudo isso.Lehigh Valley Music: Tenho que dizer, “Still Into You” está indo muito bem. O álbum estreou em primeiro na Billboard. Isso confirma o que você queria saber – as pessoas gostaram.
Hayley: Sim, é muito bom, sabe? É gratificante. Por que a gente – depois de tudo que passamos como amigos e banda, conseguimos olhar além. Tipo, “Por que temos medo de falhar? Quem vai ligar? E se falharmos?” e quando estava tudo resolvido, o álbum saiu e as pessoas curtiram, começamos a receber mais críticas positivas do que negativas, é a primeira vez que isso acontece em nossas carreiras. Um pouco disso você tem que deixar de lado, ignorar e continuar fazendo o que ama, mas vou ser honesta, é incrível. É muito bom ter a aceitação dos fãs e ver seu entusiasmo. E para as pessoas as quais o trabalho é sentar e ouvir álbuns o dia todo, saber que o nosso se destacou de alguma forma, nos deixa maravilhados.Lehigh Valley Music: Tem mais alguma coisa para falar sobre a separação, o por que aconteceu ou algo do tipo?
Hayley: Na verdade, não. Além daquele post que foi colocado na internet, nossos gãs já sabem a história toda e só é importante que eles saibam. Já ouviram milhares de vezes, não importa mais. Nós três apenas olhamos pra trás e pensamos “Nunca escolheríamos o que aconteceu; mas aconteceu e conseguimos lidar do melhor jeito possível. Acho que nos tornamos mais felizes. É maluco pensar que passamos por tanta coisa antes de aprender que nem sempre sabemos que é o melhor pra gente. Às vezes, você tem que deixar a vida acontecer.Lehigh Valley Music: É. Vocês vão continuar um trio? E vão continuar usando novos membros apenas para turnê?
Hayley: Nesse momento, isso funciona. Os caras que tocam conosco são amigos próximos. O irmão do Taylor está com a gente. Simplesmente funciona. Fazemos isso por quase 10 anos e funciona, nossos fãs sabem. Se algum dia a coisa certa for adicionar alguém, faremos isso. Mas até agora, é como o ditado: “Se não está quebrado, não conserte”.Lehigh Valley Music: Sim, sim. Tenho que perguntar, como você foi parar na música do Zedd? Qual a história por trás disso?
Hayley: Recebi um email do John Janick com a música, tudo que ele me manda, eu costumo ver. Ele dizia “Temos uma ótima música, gostaria que você considerasse” então eu ouvi e disse “Sim! Estou dentro.” Não levei nem dois segundos. Os primeiros versos, que ainda precisavam de uns ajustes e pensei “Eu posso terminar isso. Eu consigo.” Foi muito bom cantá-la. Tem músicas que quando você ouve, deseja ter escrito elas. Não escrevi “Airplanes” mas era muito especial pra mim. Não consigo imaginar ter escrito ela. Mas é bom ter essa chance novamente e ir um pouco além.Lehigh Valley Music: Algo mais a dizer?
Hayley: Estamos animadíssimos para a turnê. Mal posso esperar pra subir no palco. Nossos fãs são demais. Vai ser bom poder mostrar às pessoas. E espero que novas pessoas venham nos conhecer. Vai ser divertido.
Fonte: Paramore BR