O renomado jornal “The Washington Post” publicou uma entrevista feita nos bastidores do show do SXSWcom a banda. Leia:
Hayley Williams e Paramore se reagrupam, mais fortes do que nunca, com novo álbum.
Hayley Williams se agita no palco como um pássaro punk-rock do paraíso, socando fantasmas, cuspindo fogo. Seus companheiros de banda bradam com ela, vestindo jeans salpicado de manchas coloridas como arco-íris, como se fosse um encontro após um dia de guerra no paintball.
Mas o Paramore está emergindo de uma guerra muito mais confusa. O grupo, que possui disco de platina, primeiramente escreveu seu nome entre as estrelas com músicas de rock que pareciam impetuosas e espontâneas, explodindo como argumentos.
Alguns eram argumentos de fato. Williams imortalizou as disputas da banda em algo mais do que em seus pulmões vazios, dando aos sedentos jovens fãs, um lugar na primeira fila na decadente trama da banda.
Em 2010, tudo isso se tornou insuportável para Josh e Zac Farro, dois irmãos que co-fundaram a banda. Então eles saíram; E então postaram sobre isso no blog, entrando em um horroroso fogo cruzado de palavras com Williams, o guitarrista Taylor York e o baixista Jeremy Davis.
Assistir a troca de farpas por uma tela de computador foi tanto triste quanto estranho. Esse era um grupo que podia tornar seus dramas internos em canções com o sabor picante de Fleetwood Mac e a eficiência de Black Flag. Mas os membros remanescentes do Paramore dizem que nunca consideraram acabar com tudo. A vivacidade do novo álbum, lançado na terça-feira (09), mostra um retirando a poeira do outro, falando um pouco de besteira e indo em direção a um pôr-do-sol multi-colorido.
“Mesmo se eu tentasse, eu nunca deixaria de ter isso correndo em minhas veias,” Disse Williams em relação à banda que se juntou aos 14 anos.
São 6 horas antes da hora do show em Austin – um show no meio da noite no festival de música South By Southwest projetado para reintroduzir o Paramore à indústria, à mídia, aos fãs, ao universo. Nos bastidores, os três se amontoam em um sofá. Hayley usa seu costumeiro cabelo laranja em tranças holandesas, parecendo-se mais com um espírito do que com a punk que se juntou ao Paramore em Franklin, uma década atrás.
“Nós começamos a banda como crianças porque apenas queríamos estar em uma banda,” Hayley diz, “E eles [os Farro] acabaram não querendo isso tanto quanto eles pensavam. Para mim, é simples assim. Eles não estavam felizes. E você não pode culpar alguém por não estar feliz ou por não encontrar alegria nas mesmas coisas que você.”
Hayley tem usado essa explicação em toda entrevista desde a separação. Ela não menciona a postagem no blog em que Josh Farro – com quem Hayley estava namorando quando o álbum de 2007, Riot, estava no caminho para ganhar o certificado de platina – acusou sua ex-namorada de comprometer as crenças cristãs da banda e permitir que sua família se intrometesse na dinâmica do grupo.
“Na verdade, o que começou como algo natural, de alguma forma se transformou em algo produzido em prol de uma marca maior, sob as pegadas dos sonhos de Hayley,” postou Farro em seu blog. A angústia ficou ainda mais ressaltada pelo fato de Hayley ser, tecnicamente, a única do Paramore a ter assinado contrato com a Atlantic Records.
Isso tudo aconteceu um ano depois de Williams participar da música “Airplanes” do rapper da Atlanta,B.o.B.. Como a música alcançou os top singles da Billboard, os fãs se perguntaram se o cantora estava se lançando como artista solo.
Como uma banda de três componentes – ao vivo, eles tocam com guitarrista, tecladista e baterista auxiliares – tem ocorrido menos congestionamentos criativos e um maior senso de liberdade.
“Todos nós queremos estar aqui. Todos nós queremos crescer,” disse York. ” Temos um relacionamento melhor do que nunca e estamos mais abertos a ideias, testando coisas e tentando nos retirar do passado.”
Durante as 17 músicas do novo álbum, o trio negocia uma reconciliação entre o rock, barulhos emo, energia R&B e um pop que deixaria P!nk, Kelly Clarkson e Fall Out Boy se mordendo de inveja.
“Ain’t It Fun” é citada por York e Davis como uma virada no processo de composição, Williams faz sua parte em conjunto com um coral gospel – algo que deveria revirar os olhos, mas porque é uma música do Paramore, misteriosamente isso não acontece.
O amor meloso que chega a ser intoxicante em “Paramore” mostra que a vida é boa, mas Hayley não doou sua coleção de canetas venenosas para a caridade. As três primeiras músicas do álbum falam da fissura na banda, culminando com “Grow Up”, que serve como um beijo de despedida: “Alguns de nós tem que crescer de vez em quando… Então, se for preciso, eu vou deixar você para trás.”
Nos palcos e por trás dos microfones, Williams projeta falta de medo e uma ambição desgovernada. Ela talvez seja a líder de rock mais entusiasta de sua geração. Mas flanqueada por York e Davis no sofá dos bastidores, ela ainda aparenta ser a pequena garotinha miúda dos primeiros passos do Paramore.
“Tudo está se encaixando no lugar que deveria,” ela diz. “E eu preciso crer nisso, ou então os dois últimos anos teriam sido um montanha russa à toa… Tudo que eu posso fazer é me animar nesse momento. Nós ganhamos uma segunda chance para sermos o Paramore.”
Ela mantém as mãos enfiadas na manga de sua blusa de bolinhas, mas seus punhos estão cerrados.